Embarcações resistem ao tempo (Foto: Portal Infonet) |
Mesmo com a construção da Ponte que liga Aracaju a Barra dos Coqueiros, algumas pessoas preferem esta travessia
Com a construção da Ponte, Construtor João Alves em 2006, ligando Aracaju a Barra dos Coqueiros, as lanchas e as balsas perderam a sua utilidade, no entanto as to-to-tós, - meio de transporte fluvial- ainda resistem a esta mudança.Para a manicure Fabiana dos Santos a embarcação ainda é a melhor opção para quem precisa chegar ao centro de Aracaju. “A vantagem é que é mais rápido e pago mais barato que o ônibus, sem contar que ao chegar deste lado, basta atravessar a rua e já estou no centro de Aracaju”, ressalta a usuária do transporte, que seguia apressada para os mercados centrais com os dois filhos menores.
Os preços do transporte coletivo e o valor cobrado pelas travessia nas embarcações acabam atraindo pessoas como a cabeleireira Ana Elisa Santos, que critica os serviços prestados pelas empresas de ônibus. “A gente paga caro, não consegue chegar no horário e ainda por cima tem que suportar aquele bate-bate de vidro nos ônibus velhos. Aqui tem embarcações até com forro de PVC”, pontua.
Ana Elisa ainda ressaltou que a travessia de to-to-tó é relaxante. “Esse cinco minutos atravessando o rio é extremamente relaxante. Às vezes a gente sai com tantos problemas e senta olhando a imensidão dessas águas que acaba distraindo e se energizando” enfatiza a cabeleireira.
Para a usuária, o transporte deveria ser bem explorado por parte dos governantes. “Esta atividade não pode deixar de existir não, os to-tó-tós fazem parte da história de Aracaju. Este espaço deveria ser bem cuidado, ter banheiro e até mesmo expandir as linhas. Fazer disso um local para passeios turísticos” sugere Ana Elisa.
Barqueiros
Muitas pessoas continuam atravessando de to-to-tó |
De acordo com Luiz Carlos Moura, com a construção da ponte o movimento caiu cerca de 70%. “Antigamente fazíamos 18, 20 ou até mais viagens por dia. Agora fazemos cinco ou seis viagens e olhe lá”, revela.
Para o barqueiro David Nunes dos Santos, o transporte é muito mais seguro e confortável, e acredita que o que falta é um incentivo maior por parte dos governantes. “Em relação a segurança, a marinha faz vistoria sempre e nós trabalhamos dentro das normas. Acidente de trânsito acontece
Embarcações suportam até 30 pessoas diariamente e aqui apenas registramos uma colisão há mais de 10 anos atrás. Isso prova o quanto o transporte é seguro”, compara.
David ainda pontuou que a travessia do barco é muito melhor para o meio ambiente. “Se as pessoas bem soubessem deixavam os carros em casa e atravessavam de to-to-tó. Não enfrentariam trânsito, não corriam riscos de colisão e ainda apreciavam uma bela paisagem”, compara sorridente.
Outro barqueiro que trabalha há mais de 30 anos fazendo a travessia de passageiros Aracaju/Barra dos Coqueiros é Isaac Praxedes, que lamenta a queda no número de passageiros. David diz que travessia de barco é mais segura “Trabalho há mais de trinta anos aqui e esta é uma atividade que vem passando de pai para filho. Não me vejo fazendo outra coisa. Sobrevivo deste trabalho e é uma pena que este local não possa ser mais explorado” ressalta.
David diz que travessia de barco é mais segura |
Praxedes ainda pontuou que o transporte pode ser utilizado para fazer passeios turísticos. "Acho que o governo ou prefeitura deveriam pensar nisso e melhorar as nossas condições aqui. Existem lugares lindo nas margens deste rio que as pessoas nem sonham em conhecer. Tem lugares lindos. Um passeio pelo rio é encantador”, pontua.
A maioria das embarcações tem capacidade máxima para 30 passageiros sentados e cada barco possui a mesma quantidade de coletes salva-vidas e a exemplo de Praxedes, muitos fizeram curso para conduzir as embarcações. “Eu tenho a carteirinha de marinheiro e já fiz diversos curso, já Praxedes trabalha há 30 anos com a travessia trabalhei na H Dantas e posso transportar navios de carga por exemplo. Não somos simples pescadores que transportam pessoas”, esclarece.
Praxedes trabalha há 30 anos com a travessia |
No local ainda funcionam 22 embarcações e de acordo com Praxedes, os canoeiros fizeram uma espécie de revezamento. “Cada dia trabalham 11, porque se não a coisa fica pior. A passagem é apenas um real e se as 22 ficassem aqui o dia inteiro não conseguiríamos mesmo sobreviver” revela.
Alcione Martins
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