Comitê Desarma e Seed se unem pela cultura da paz nas escolas
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Projeto envolve alunos e comunidade
(Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
A pesquisa foi realizada em 2010 em 48 escolas públicas da rede estadual de ensino no Estado de Sergipe. Ao responder os questionários aplicados pela Seed, os alunos indicam a presença de drogas dentro das escolas, citam os banheiros como locais preferidos para o consumo e destacam os cigarros (25%), bebidas alcoólicas (18), maconha (9%), crack (4%) e cocaína (3%) como as drogas mais consumidas entre os alunos [acompanhe outros detalhes da pesquisa em destaque abaixo].Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) revela que alunos da escola pública tem contato com drogas, dados que tem despertado o poder público para práticas que induzam o adolescente a desenvolver a consciência pela cultura de paz nas escolas.
Estes resultados têm levado técnicos a se debruçarem a projetos que envolvam alunos e a comunidade em ações que possam minimizar os impactos da violência. Com este foco, foi criado o projeto Escola Promotora da Paz, idealizado pela professora Maésia Brota, no Comitê Desarma Sergipe. O projeto ganhou simpatia do Governo Estadual e, nesta terça-feira, 11, o secretário Belivaldo Chagas, de Estado da Educação, o lançou oficialmente como proposta que será articulada, inicialmente, em 18 escolas da rede pública estadual de ensino no Estado de Sergipe.
O projeto piloto será iniciado na Escola Acrísio Cruz, que já sinalizou os primeiros passos num ritual que conquistou o alunato. “Nós conversamos com o professor que nos chamou a atenção sobre a violência e a gente aceitou fazer parte do projeto”, comentou o estudante Otávio Santos, 15, matriculado no oitavo ano do Ensino Fundamental. “E pelo que ele falou, é bastante interessante”, complementou o colega Antonio Carlos Santana, 14, matriculado no nono ano.
Durante o projeto, serão realizadas oficinas de produção de texto, de elaboração de projetos e palestras, além de atividades lúdicas com ênfase voltada para a questão da violência. É pretensão do governo, conforme destacou o secretário Belivaldo Chagas, realizar concurso de redação com temática com ênfase a violência e as drogas como incentivo a práticas voltadas para a cultura da paz.
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Antonio Carlos e Otávio: esperança e otimismo |
A escola Acrísio Cruz já deu um passo importante para concretizar o projeto e até firmou parceria com uma ONG (Organização Não Governamental) para efetivar as atividades que envolverão toda a comunidade escolar e os pais de alunos.
A perspectiva, segundo o secretário Belivaldo Chagas, é que todos os professores e diretores das escolas públicas abracem a ideia para transformar alunos em agentes multiplicadores de informação no combate à violência e contra as drogas. “É um trabalho de conscientização não apenas voltado para a violência, contra o armamento. É voltado também contra as drogas que está se alastrando e leva a todo tipo de violência”, considerou Belivaldo Chagas.
Pesquisa
Dados da pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Educação sobre a relação de alunos da rede pública com as drogas é um dos fatores que levou professores a estudarem propostas e ações de combate as drogas e, em particular, ao projeto idealizado pela professora Maésia Vieira, que é técnica pedagógica do Departamento de Educação da Seed e representante daquela pasta no Comitê Desarma Sergipe, coordenado por Fábio Costa.
A pesquisa foi realizada em 2010, entre alunos de 48 escolas públicas da rede estadual de ensino. Na época, foram aplicados 1.625 questionários a alunos do ensino fundamental e do ensino médio. A pesquisa condensada no estudo sobre o uso de drogas nas escolas públicas de Sergipe – situação preliminar - traz dados surpreendentes.
Entre os alunos que responderam ao questionário, 66% informaram que há oferta de drogas ilícitas e lícitas nas proximidades das unidades de ensino da rede pública. Na pesquisa, eles citam maconha, crack, cocaína, cola, solventes, bebidas alcoólicas, cigarros e até medicamentos disponíveis no entorno das unidades de ensino.
Os alunos também indicam a presença de drogas dentro das escolas, citam os banheiros como locais preferidos para o consumo e destacam os cigarros (25%), bebidas alcoólicas (18), maconha (9%), crack (4%) e cocaína (3%) como as drogas mais consumidas entre os alunos.
Entre aqueles que responderam afirmativamente sobre a presença de drogas nas escolas, 21% dos alunos do ensino médio e 16% dos alunos do ensino fundamental responderam que usam drogas ilícitas e 5% destes ainda apontam educadores como usuários de algum tipo de droga ilícita. Já 22% dos alunos de educação de Jovens e Adultos, 20% dos alunos do ensino médio e 16% do ensino fundamental se declaram usuários de drogas lícitas.
Pesquisa Nacional do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid) revela que 16,5% dos estudantes matriculados em escolas públicas das redes municipal e estadual em Aracaju já fizeram uso de drogas psicotrópicas.
Arma de fogo
O coordenador do Desarma Sergipe, Fábio Costa, revela que a ideia é envolver adolescentes e adultos em práticas de conscientização contra a violência e disseminar o sentimento pela filosofia do desarmamento. “O objetivo é a propagação da paz através dos alunos com faixa etária entre 16 anos e 24 anos que, segundo o mapa da violência, é a faixa etária que mais mata e mais morre por arma de fogo”, revela.
Dentro do projeto, o Comitê Desarma Sergipe se envolverá articulando, gerindo e executando as ações que envolvem palestras e atividades lúdicas voltadas para conscientizar a juventude para a necessidade de cultuar a paz e manter-se distantes de armas. Em Sergipe, o Comitê Desarma contabiliza a apreensão de 1.511 armas e outras 398 entregues espontaneamente.
Mas o número de armas sem controle ainda é grande, segundo Fábio Costa. Ele ressalta que são 58 mil armas sem controle no Estado, dado que traduz a importância para a cultura da paz se tornar realidade nas escolas públicas.
Por Cássia Santana
fonte: www.infonet.com.br